sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Chega ao Brasil novo medicamento para tratamento do câncer de mama

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou uma nova opção para o tratamento do câncer de mama do tipo HER2+, o transtuzumabe entansina (Kadcyla, Roche). 


O termo HER2 identifica uma proteína envolvida no crescimento normal de diversos tecidos corporais e que é expressa em níveis maiores em alguns tipos de células cancerosas. Nestes casos, a presença de HER2 está relacionada ao crescimento e à sobrevivência do câncer. O novo medicamento representa uma abordagem inovadora pois conjuga em uma mesma estrutura um anticorpo (transtuzumabe) e um inibidor da replicação celular (entansina). A porção anticorpo (anti-HER2 IgG1) liga-se ao receptor HER2 na superfície da célula e após ser internalizada, a porção entansina é liberada, inibindo a divisão celular, o que leva à morte da célula cancerosa. A presença do anticorpo tem como objetivo direcionar o medicamento para as células doentes, reduzindo a chance do tratamento combater células saudáveis.

O medicamento é indicado para pacientes com tumores de mama do tipo HER2+, que representa cerca de 25% dos casos, onde já existem células cancerosas em outros locais (metástases) e quando já foram empregados outros medicamentos como o transtuzumabe (Herceptin, Roche) e/ou outra classe de anticancerosos chamada de taxanos. Apesar das notícias de que o novo tratamento não provoca queda de cabelo, ele não é isento de efeitos adversos. As reações mais comuns são fadiga, náuseas, dores musculares e nas articulações, redução das plaquetas (trombocitopenia), dor de cabeça, prisão de ventre e alterações no fígado. Além disso, o medicamento pode causar problemas cardíacos importantes. O novo tratamento também não permite a cura completa mas sim promove uma melhora na sobrevida dos pacientes. 

Saiba mais sobre o câncer de mama
O câncer de mama está entre as cinco principais causas de mortes por câncer no mundo, responsável por 521 mil mortes no ano de 2012. No Brasil, são esperados cerca de 57 mil casos somente em 2014. 

Dentre os fatores de risco, o histórico familiar representa uma pequena parcela no número total de casos. Fatores reprodutivos associados com a exposição prolongada de hormônios produzidos naturalmente pelo corpo, como primeira menstruação precoce, menopausa em idade acima de 50 anos e primeira gravidez em idade acima de 30 anos estão entre os principais fatores de risco para o câncer de mama. O emprego de pílulas e de terapia de reposição hormonal também podem influenciar no surgimento da doença. Em contrapartida, a amamentação tem um efeito protetor.

Em relação ao estilo de vida, o consumo excessivo de álcool, a obesidade e a falta de atividades físicas figuram como principais fatores para o desenvolvimento do câncer de mama. Portanto, busque um estilo de vida saudável e faça exames regularmente pois apesar dos avanços nos tratamentos, a combinação entre prevenção e detecção precoce ainda são as principais ferramentas no combate ao câncer. 

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) recomenda o exame clínico das mamas anualmente para mulheres acima de 40 anos e a mamografia a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos. Para pacientes que tem outros casos de câncer na família, o acompanhamento deve ser iniciado aos 35 anos. E atenção: o autoexame não substitui o exame com o médico.

Fontes:
1. Drugdex® System. Thomson Micromedex, Greenwood Village, Colorado, USA. Disponível em: http://micromedex.com, acessado em 13 de fevereiro de 2014.
2. Food and Drug Administration. Kadcyla (ado-trastuzumab emtansine): Drug Safety Communication. Disponível em: http://www.fda.gov/safety/medwatch/safetyinformation/safetyalertsforhumanmedicalproducts/ucm350817.htm, acessado em 12 de fevereiro de 2014.
3. World Health Organization. Breast cancer. Disponível em: http://who.int/cancer/detection/breastcancer/en/index2.html, acessado em 12 de fevereiro de 2014.
4. Instituto Nacional do Câncer. Câncer de mama. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama, acessado em 13 de fevereiro de 2014.


Fernanda L. da S. Machado
Farmacêutica

Revisão: Juliana Givisiéz Valente
 

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