quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O paracetamol pode cortar o efeito de vacinas em crianças?

Apesar dos inúmeros benefícios da vacinação, há sempre uma preocupação com relação aos possíveis efeitos adversos.  As vacinas podem causar reações locais, como vermelhidão, dor e inchaço no local de aplicação e também reações sistêmicas, como febre, dores, vômito, diarreia e convulsões. Em geral, as reações mais comuns são leves, limitadas e ocorrem entre 24-48 h após a administração, mas mesmo brandas, podem resultar em desconforto para as crianças. Desta forma, é comum o uso de paracetamol tanto para prevenir como para tratar alguns destes efeitos.



Um trabalho publicado em 2014 comparou os resultados de 13 estudos, com um total de 5077 crianças para avaliar se o uso de analgésicos prejudica a ação das vacinas. Nas crianças tratadas com paracetamol, os estudos comprovam a redução da febre, dor e irritabilidade. Entretanto, há também uma diminuição na produção de anticorpos, responsáveis pelo efeito protetor da vacina. Até o momento, este efeito foi observado para as vacinas pneumocócica, tríplice bacteriana e influenza. 

Apesar da redução na produção de anticorpos, os autores do estudo afirmam que a quantidade obtida, mesmo com o uso de paracetamol é suficiente para conferir proteção contra as doenças, pois este tem sido amplamente utilizado e ainda assim não houve aumento no número de casos de doenças prevenidas pelas vacinas. Desta forma, considera-se pouco provável que esta redução na concentração de anticorpos represente algum risco para a saúde das crianças. 

Entretanto, vale ressaltar que novos estudos ainda são necessários para esclarecer definitivamente a questão. É importante ainda estabelecer em que situações esta redução na produção de anticorpos pode ser importante, como a idade da criança, o momento de administração do paracetamol, o tipo de vacina utilizada ou até mesmo o efeito de interação entre várias vacinas.

Enquanto não são publicados novos dados sobre o tema, a Academia Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics – AAP) continua recomendando o uso de antitérmicos para o tratamento de reações adversas a vacinas em crianças. 

Veja também: A meningite e a corrida da vacina

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Referências:

BRADY, M. T.; SWANSON, J. T. More study needed on antipyretics’ effect on vaccine responses. AAP News, v. 31, n. 2, p. 1–1, 2010.
CUESTAS, E. Acetaminophen may decrease antibody response in infants being immunized. The Journal of Pediatrics, PMID: 20385325, v. 156, n. 5, p. 857–858, maio 2010.
DAS, R. R.; PANIGRAHI, I.; NAIK, S. S. The Effect of Prophylactic Antipyretic Administration on Post-Vaccination Adverse Reactions and Antibody Response in Children: A Systematic Review. PLoS ONE, v. 9, n. 9, p. e106629, 2 set. 2014.
HOMME, J. H.; FISCHER, P. R. Prophylactic paracetamol at the time of infant vaccination reduces the risk of fever but also reduces antibody response. Evidence-Based Medicine, v. 15, n. 2, p. 50–51, 1 abr. 2010.
PEDULLA, M. N. Prophylactic Use of Antipyretic Agents With Childhood Immunizations and Antibody Response: Reason for Concern? Journal of Pediatric Health Care, v. 26, n. 3, p. 200–203, maio 2012.


Autora: Fernanda Lacerda da Silva Machado (Farmacêutica)
RevisãoDanielle Martins Ventura

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