segunda-feira, 13 de março de 2017

Anticoncepcional e Trombose: Qual o risco?

por Alice Gonçalves de Souza

Ultimamente muitas mulheres fazem uso das pílulas anticoncepcionais para evitar uma possível gravidez. De acordo com estimativas das Nações Unidas em 2015, 24,1% das mulheres faziam uso de pílulas anticoncepcionais no Brasil. Entretanto o que muitas ficam preocupadas é com a possível relação dessas pílulas com uma doença que vem sendo muita comentada: a trombose. (1).

A trombose é uma doença onde ocorre a formação de um coágulo sanguíneo nos vasos. A trombose venosa, que é a que está mais associada com o uso das pílulas anticoncepcionais, é a formação do coágulo dentro das veias, o que vai impedir a passagem e o fluxo normal de sangue naquela veia. Em algumas das vezes, essa doença pode ser fatal, o que faz com que muitas mulheres fiquem cada vez mais preocupadas em fazer o uso dessas pílulas (2). 

As pílulas anticoncepcionais podem ser encontradas de diversas formas nas farmácias, as mais comuns são as que contêm uma composição de um estrógeno (etinilestradiol) com uma progestina (gestodeno, por exemplo). Alguns estudos relacionaram a alta dose de estrogênio com maior chance da mulher apresentar um quadro de trombose, por isso na década de 70 a dose desse estrogênio foi diminuída para em torno de 20 µg (3–5). 

Outro fator importante na composição dos anticoncepcionais é a progestina utilizada. As progestinas são classificadas de acordo com a época em que foram produzidas, as de primeira geração, na década de 60 (exemplo o noretinodrel), as de segunda geração, na década de 70 (exemplo o levonorgestrel) e as de terceira geração, nas décadas de 80 e 90 (exemplo o gestodeno e desogestrel, respectivamente) (6). 

Com o aumento de caso de trombose associado ao uso de anticoncepcionais com progestinas de 1ª geração, foram desenvolvidas as progestinas de 2ª e 3ª geração, buscando diminuir o risco de efeitos adversos. Entretanto em estudos recentes são relatados que as progestinas de 3ª geração foram associadas com um maior risco (4,3 vezes) de trombose do que as de 2ª (3 vezes) e 1ª (3,5 vezes) geração (3,7). 

Todos os anticoncepcionais aumentam a chance da mulher desenvolver um quadro de trombose, e as chances podem aumentar ou diminuir de acordo com a dose do estrogênio e da progestina a ser utilizada na formulação (2–5).

Embora as pílulas anticoncepcionais estejam associadas com um risco de trombose, considera-se um risco pequeno, sendo maior risco no primeiro ano de utilização da pílula, e quando reiniciar o uso após uma parada de quatro semanas. Existem outros fatores importantes que podem estar associados com o tromboembolismo, como a idade (quanto maior a idade, mais chances de desenvolver o quadro), obesidade, imobilidade e antecedentes pessoais (como o tabagismo) e familiares. A presença de mais de um fator de risco pode constituir uma contraindicação. Por isso é muito importante que seu médico faça uma avaliação antes de começar o tratamento (8).

Referências Bibliográficas
1. United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division. Trends in Contraceptive Use Worldwide 2015. 2015. 
2. Dutra A. Trombose venosa cerebral - evolução clínica e fatores prognósticos em 111 pacientes. [São Paulo]: Universidade de São Paulo; 2008. 
3. Centro Andaluz de Informarción de Medicamentos (CADIME), Programa de la Consejería de Salud y Bienestar Social, Escuela Andaluza de Salud Pública. Anticonceptivos hormonales selección adecuada. Boletín Terapéutico Andaluz. 2016;31(1):10. 
4. Weill A, Dalichampt M, Raguideau F, Ricordeau P, Blotière P-O, Rudant J, et al. Low dose oestrogen combined oral contraception and risk of pulmonary embolism, stroke, and myocardial infarction in five million French women: cohort study. BMJ. 2016;10. 
5. Stegeman BH, de Bastos M, Rosendaal FR, van Hylckama Vlieg A, Helmerhorst FM, Stijnen T, et al. Different combined oral contraceptives and the risk of venous thrombosis: systematic review and network meta-analysis. BMJ. 2013;347(sep12):12. 
6. Gialeraki A, Valsami S, Pittaras T, Panayiotakopoulos G, Politou M. Oral Contraceptives and HRT Risk of Thrombosis. Clin Appl Thromb. 2017;9. 
7. Baratloo A, Safari S, Rouhipour A, Hashemi B, Rahmati F, Motamedi M, et al. The Risk of Venous Thromboembolism with Different Generation of Oral Contraceptives; a Systematic Review and Meta-Analysis. Emerg- Acad Emerg Med J. 2014;2(1):1–11. 
8. Medicines and Healthcare products Regulatory Agency. Combined hormonal contraceptives and venous thromboembolism: review confirms risk is small—consider risk factors and remain vigilant for signs and symptoms. Drug Saf Update. 2014;7(7):5. 

Revisão: Fernanda L. S. Machado e Juliana G. Valente

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