quinta-feira, 9 de junho de 2016

Febre: conceito, causas e cuidados

por Fernanda Lacerda da S. Machado

A temperatura do corpo é normalmente regulada pela região do cérebro chamada de hipotálamo. A febre representa uma alteração no termostato que controla a temperatura corporal. As causas mais comuns são infecções, alterações inflamatórias e alguns medicamentos (1). 

Na maioria das vezes, a febre está associada a condições que se resolvem espontaneamente, sem necessidade de tratamento, como nos casos de infecções virais comuns (2).


Quando tratar a febre?

Em geral, o aumento da temperatura corporal até 41 °C não causa danos e não se sabe se há algum benefício em tratar a febre baixa. Ao contrário do que se pensa, altas temperaturas raramente desencadeiam convulsões. Entretanto, alguns grupos podem ser mais vulneráveis como crianças, grávidas, pacientes desidratados, desnutridos ou com problemas cardíacos, respiratórios ou neurológicos (1,3).

Desta forma, o controle da febre é recomendado quando esta traz algum desconforto para o paciente. Como a febre é uma manifestação presente em diversos problemas de saúde, deve-se em primeiro lugar, buscar identificar sua causa para que o tratamento não fique restrito à redução da temperatura (4).

Como tratar a febre?

Além dos medicamentos, podem ser empregados métodos físicos. Recomenda-se o arejamento do local e o resfriamento corporal com banhos, retirada de roupa e compressas mornas (4).  Ao contrário do que a vovó dizia, tomar um banho frio não é recomendado, pois a resposta pode ser o aumento na temperatura corporal devido à contração dos vasos sanguíneos. É importante ainda que o paciente faça ingestão de líquidos adequadamente (1). 

Entretanto, ainda existem poucos estudos sobre a eficácia destas medidas no controle da febre. Um estudo que comparou os resultados de sete pesquisas indicou que o uso de compressas mornas auxilia a redução da febre em crianças (5).

Quando necessário, podem ser utilizados os medicamentos com ação antipirética, também chamado de antitérmicos, os quais corrigem a temperatura alterada do termostato corporal. Estes agentes incluem o ácido acetilsalicílico, paracetamol, dipirona e o grupo de medicamentos chamados de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como ibuprofeno (6).  

Para cada medicamento, existem contra-indicações específicas. Por isso é importante conversar com um profissional de saúde antes de usar qualquer medicamento. O ácido acetilsalicílico e os AINEs não são recomendados para febre em casos de dengue. Pessoas que já tiveram reações alérgicas a algum medicamento da classe dos AINEs também não devem usar outro do mesmo grupo, pois há risco de reação cruzada (6).

Deve-se ter cuidado também para que o uso de medicamentos para o controle da febre não prejudique o diagnóstico da doença. Algumas infecções tem um padrão característico de períodos de febre e temperaturas normais que podem auxiliar na identificação da causa da alteração da temperatura (2). 

O uso de medicamentos antitérmicos também pode prejudicar a avaliação da eficácia de um tratamento com antibacterianos. No caso de infecções bacterianas é importante suspender o antitérmico para avaliar se o tratamento está funcionando adequadamente (2). 


Referências:
1. Martindale. Analgesics Anti-inflammatory Drugs and Antipyretics [Internet]. Truven Health Analytics Micromedex Solutions. 2010 [citado 4 de janeiro de 2016]. Recuperado de: http://www-micromedexsolutions-com.ez29.periodicos.capes.gov.br/micromedex2/librarian/ND_T/evidencexpert/ND_PR/evidencexpert/CS/E47D35/ND_AppProduct/evidencexpert/DUPLICATIONSHIELDSYNC/1150BD/ND_PG/evidencexpert/ND_B/evidencexpert/ND_P/evidencexpert/PFActionId/pf.HomePage?navitem=topHome&isToolPage=true
2. Dinarello CA, Porat R. Fever. In: Kasper D, Fauci A, Hauser S, Longo D, Jameson JL, Loscalzo J, organizadores. Harrison’s Principles of Internal Medicine, 19e [Internet]. New York, NY: McGraw-Hill Education; 2015 [citado 7 de junho de 2016]. Recuperado de: http://mhmedical.com/content.aspx?aid=1120874671
3. Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência T e IE, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário terapêutico nacional 2010: RENAME 2010. Brasília: Ministerio da Saude; 2011. 
4. Brasil, Ministério da Saúde, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Uso racional de medicamentos: temas selecionados. 2012. 
5. Meremikwu MM, Oyo-Ita A. Physical methods versus drug placebo or no treatment for managing fever in children. In: The Cochrane Collaboration, organizador. Cochrane Database of Systematic Reviews [Internet]. Chichester, UK: John Wiley & Sons, Ltd; 2003 [citado 1 de abril de 2016]. Recuperado de: http://doi.wiley.com/10.1002/14651858.CD004264
6. MARTINDALE. Nonsteroidal Anti-inflammatory Drugs [Internet]. Truven Health Analytics Micromedex Solutions. 2014 [citado 4 de janeiro de 2016]. Recuperado de: http://www-micromedexsolutions-com.ez29.periodicos.capes.gov.br/micromedex2/librarian/ND_T/evidencexpert/ND_PR/evidencexpert/CS/E47D35/ND_AppProduct/evidencexpert/DUPLICATIONSHIELDSYNC/1150BD/ND_PG/evidencexpert/ND_B/evidencexpert/ND_P/evidencexpert/PFActionId/pf.HomePage?navitem=topHome&isToolPage=true

Revisão: Denise de Oliveira Guimaraes, Juliana Givisiéz Valente, Maria Christina Verdam, Samantha Monteiro Martins, Thaísa Amorim Nogueira

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